(In) Sana!
Alê, Kattia, Eu e Jana botando os assuntos em dia o Favorito com muito sushi e boas risadas. Ah, a foto foi o Fábio que tirou!




Mais uma do Lutti...
Adorei a teria da laranja, leiam e deleitem-se http://www.comqueroupa.blogspot.com/

Amor, laranjas e pedaços


Existe, afinal, um tempo certo para o amor? Faz quase cinco meses, eu fui informado de forma definitiva sobre a finitude da vida. E ao mesmo tempo acabei confirmando a própria infinitute do amor.

Sim, o amor, amor de verdade, esse nunca acaba. Ele transmuta, permuta, difere e divaga, mas simplesmente não acaba. O amor, por sua própria essência e forma, sua característica de energia vital, não pode acabar. A ele só se admite transformar. Mas amor é um sentimento meu para com outro. Quem ama sou eu. Há no amor certo domínio, que nos permite, em sã escolha, priorizar o outro no melhor pedaço. Mas não há nesse gesto um detrimento do eu. Pelo contrário, o amor nos eleva e nos faz eu mais superior que cede, que aceita, que dá.

Amor é sentimento da pessoa, que de tão bem que se sente dedica ao outro aquilo que muitas vezes nega para si. Quem ama não vê só a beleza, mas enxerga em cada defeito um inevitável traço de também isso eu quero. De até assim me serve. Amor é isso, é uma roupa que nos serve, nos aquece e embeleza.
Amor sentiremos o mesmo sempre na vida, ou sentiremos vários, ou um de cada vez. Amor por um que se transformará em mais amor lembrado e novo amor transmutado. Amor é coisa do eu. Amor é querer cuidar, é querer estar do lado é ser tão eu a ponto de duplicar.

Diferente, acredito, é a paixão. Paixão transborda da dimensão do eu. Paixão é bom, e dói. A paixão não é doação do eu, é assalto. Na paixão não é o eu que sente, o eu só sofre. Paixão tira do eu o ar, que o amor lhe dá. O amor nos faz respirar não só por nós mesmos, mas também pelo outro se preciso for. A paixão é uma falta de ar de ambos, que só respiram quando se beijam, e ainda assim falta ar. Paixão não é ato de entrega. Paixão é falta de controle, de opção. A paixão não nos traz a sensação do amor. A paixão nos traz uma anestesia ao contrário, a paixão nos potencializa, e emburrece. Por isso é tão bom. Paixão nos deixa torpes, onipotentes e inimputáveis. Paixão é um estado químico, enzimático e carnal. Amor é tudo isso, mas de forma quase sensata, com segurança e certeza. A paixão é carro veloz e desgovernado indo em direção ao penhasco. Amor é esse mesmo carro veloz, mas com navegador de bordo.

Então, hoje, acredito, que podemos sim amar de novo, e amar mais. Podemos amar as pessoas, as coisas, os animais. Podemos amar idéias, posturas, convicções. Porque isso nos faz bem, nos completa e harmoniza. O amor nos faz melhores, maiores e nos faz mais. Já a paixão nos priva de certos controles e sentidos, paixão é, assim, algo mais forte, portanto, mais difícil. De certa forma, nosso organismo, físico e/ou psíquico, deve ter um mecanismo protetor, que com a idade ou qualquer outra forma de desgaste, nos preserva de ficarmos apaixonados. E isso em nada interfere na nossa infinita capacidade de amar. Amaremos sempre, e de diferentes formas. Mas paixão não tem modalidade, nem graduação, nem tonalidade. Paixão é sempre avassaladora, e ninguém agüenta tantas.

Daí minha plena convicção que o amor nunca nos fará sofrer. O amor, quando é ele mesmo, simplesmente dá certo. Inclusive porque o amor não implica em sua caracterização, em ideal correspondência. Amor é assunto privativo do eu. Pouco importa se somos amados. O amor quando nos preenche é, para nós, satisfatório. Evidente que ao ser correspondido, o amor em todo se completa, como metaforicamente conhecemos a tal metade da laranja. E mesmo que eu saiba que isso é pura ilustração da concepção platônica da esfera, eu acredito muito na laranja.

Mas hoje, ainda que em teoria, eu me permito acreditar que talvez a fruta do amor seja outra. Amor não é assunto de laranja. O amor pode ser, quem sabe, uma bergamota, ou se quiserem, uma tangerina. Quem sabe é isso? Será absurdo admitir que a gente possa se completar aos gomos? Ou, vá lá, fiquemos com a laranja. O importante é rever o mito da metade. E se minha laranja não foi cortada ao meio, mas acabou sendo fatiada? Será que não serei eu o eu completo só quando encontrar não só um único pedaço, mas toda a minha fruta?

E mesmo assim, será uma fatia mais importante do que a outra? E será que são todas do mesmo tamanho? E mesmo quando se vem cortado na metade, será que não dá para essa fruta ter mais uma folhinha? E a paixão seu Lutti? Como é que fica? A paixão, pequenas crianças, talvez não tenha nada a ver com a fruta. Talvez a paixão seja uma goma de frutose que às vezes cola um gomo na marra na minha tangerina. E a paixão é algo de tal maneira indecifrável, que pode inclusive, colar o gomo certo. E tem gente que fica tão confusa com essa história, que na verdade é tão simpleszinha, que faz da paixão uma senhora gorda que apalpa e machuca a fruta. Não, não façam isso. Paixão, eu bem já disse, pode não ter nada a ver com a fruta. Não vamos perder a fé no amor porque as paixões não dão certo. Ou o que mais dói, para muitos, porque elas simplesmente não acontecem.

Vejo pessoas todos os dias maldizendo a vida porque não encontram um grande amor. E é esse o problema, o amor não se encontra na vida, o amor está primeiro dentro de nós mesmos. Quem não acha em si a capacidade de amar não reconhecerá o amor nem que ele venha espremido num copo. As pessoas querem que o amor venha na forma da paixão, que venha se impondo e que se faça mais forte. As pessoas querem que o amor se lhes imponha. Não. Não é assim que ele funciona. O amor, embora sempre simples e inegável, exige certo preparo, uma predisposição. Quem nos atropela é a paixão. Amor nos exige estarmos lá na hora certa. O amor, diferente da paixão, não nos tira a responsabilidade. Não somos vítimas do amor. O amor não nos prende ou seqüestra, o amor nos dá escolhas e nos exige decisões.

Quem sabe, não seja tudo isso só um epílogo do que eu já falei sobre o medo. O amor nos dá medo, porque ele não pode ser usado como desculpa. A paixão pode. Apaixonados não têm escolha, não se lhes pode cobrar nada, não se lhes pode querer pessoas melhores ou mais nobres. Apaixonados, somos todos bestas. Nada pode dar errado, e se der, foi a paixão que acabou.O amor não acaba.

A paixão nos tira o medo do abismo. O amor nos ensina a voar. Mas isso de nada adianta, se ainda temos medo das próprias asas.

Beijoquinhas...

Notas :


* Formatura "Tudo de Bom" da Pati. Vocês não tem noção do nível alcóolico dos convidados, incluindo EU.Passei o domingo meio bêbada demais... Muito feliz pela minha amiga do peito, agora cirurgiã-dentista.


* Preciso mais do que urgentemente de uma carteira de estudante. Vocês já viram quantos filmes bons estão em cartaz nos cinemas? Piaf - Hino ao amor, Encantada, Amor nos tempos do cólera, P.S Eu te Amo, entre outros. Hoje vou ver se aproveito a promoção...


* Uma semana muito corrida aqui na Saúde, mas prometo não deixar meus três ou quatro leitores invisíveis sem notícias minhas por muito tempo.

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