(In) Sana!: Muitas em uma só: Frida

Muitas em uma só: Frida


Nascida Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, ela foi a mulher que marcou toda uma época com sua pintura de cores fortes e alegres. Em sua obra se destacam os mais de 40 auto-retratos onde pintou muitas Fridas. Ela e seu amado Diego Rivera levaram a arte latina a outro patamar.


Não era bonita e nem precisaria ser. Era sim, uma mulher de traços marcantes com as sobrancelhas unidas, os lábios rubros acompanhados de um fino buço; Saias longas e soltas, muitos colares e os cabelos cheios de flores e tranças.


Ela começou a pintar para se distrair, já que por causa de um acidente na adolescência que a deixou imóvel por um longo período, o que para Frida significou uma profunda mudança. A partir daí, como diz Neomísia Silvestre (Revista Paradoxo), “pelo muito tempo que se mantinha deitada, imobilizada pelo gesso em quase todo o corpo, Frida começa a enxergar beleza na imperfeição”.


Era filha de um fotógrafo alemão e judeu chamado Guilhermo Kahlo com uma católica fervorosa Matilde Calderón, com a qual Frida não se dava bem. Após o acidente, eles a presentearam com um cavalete adaptado, uma caixa de tintas. Da cama, com um espelho no teto, ela converteu dor em arte, como afirma Neomísia. Seus quadros são fortes, com imagens reais, cheias de significados e que provocam os sentidos de quem vê, mesmo que por meio de uma fotografia, como eu.


Era uma pessoa de grande alegria, apesar dos temas fortes de seus quadros, da sua solidão e infelicidade que ela retrata tão bem com seus pincéis. Mais os quadros de Frida têm ainda o que ela tinha em abundância: Paixão. Ela superou seus limites, se entregou a sua arte e pintou-se com um realismo de poucos. Os seus quadros mostram a sua própria história.


Frida teve um de seus auto-retratos [The Frame, de 1938] exposto no Museu do Louvre, em 1939, sendo a primeira pintura de uma artista latina a pisar em terra francesa. O pintor mexicano Diego Rivera foi o seu grande amor e juntos viveram uma tórrida história de amor, regada a brigas, festas, tintas e traições (de ambos). Casaram-se duas vezes e entre idas e vindas ficaram juntos por 25 anos.


Quem quer conhecer um pouco mais pode assistir ai belíssimo Frida (2002) com a Salma Hayek no papel principal. O filme conta o início da carreira de pintora, a convalescença, suas obras, o envolvimento com Diego, o Comunismo e a alegria de viver, por mais que seus quadros revelassem o contrário.


Uma de suas telas mais famosas é esta aí que está na foto que ilustra esse, digamos, artigo desta humilde jornalista. Chama-se “Las dos Fridas” (1939).


As jornalistas Mônica Chaves de Melo e Helena Costa criaram um blog inspirado nessa tela (procurem por Duas Fridas no google) e explicam por que escolheram a pintora como inspiração: “Frida Kahlo passou a ser uma inspiração pelo espírito livre e libertário, por amar sem preconceitos ou restrições, por ter sido uma feminista, uma pioneira, revolucionária - mesmo sem ter buscado isso, mas apenas porque, sendo ela, não poderia ser de outra forma”.
Nesse quadro aí que vocês estão vendo existem duas Fridas com o coração exposto, unindo-as por uma artéria pulsante que pertence a uma mesma mulher que provou ser várias e ao mesmo tempo única.


Em seu diário ela fala sobre a origem do quadro: "recordação. Devia ter 6 anos quando vivi intensamente a amizade imaginária com uma menina de minha idade. [...] Não me lembro de sua imagem, nem de sua cor. Porém sei que era alegre e ria muito. Sem sons. Era ágil e dançava como se não tivesse nenhum peso. Eu a seguia em todos os seus movimentos e contava para ela, enquanto ela dançava, meus problemas secretos. Quais? Não me lembro. Porém ela sabia, por minha voz, de todas as minhas coisas..."

Lindo né?


Bjocas

P.S: Obrigada a minha colega sergipana Nadja Piauitinga pela inspiração!

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