(In) Sana!: Diga sim as cartas!

Diga sim as cartas!

Estava lendo indagorinha mesmo uma crônica do jornalista e escritor Xico Sá (www.blonicas.zip.net) intitulada "Pela volta das cartas de amor", onde ele escreve ( me permitam aqui transcrever alguns trechos):

" (...) Pela volta da carta de amor.

Chega de emails lacônicos e apressados. Debruce a munheca sobre o papiro e faça da tinta da caneta o seu próprio sangue.

Não temas a breguice, o romantismo, como já disse o velho Pessoa, travestido de Álvaro de Campos, todas cartas de amor são ridículas, e não seriam de amor se ridículas não fossem.
A carta, mesmo com todas as modernidades e invencionices, ainda é o melhor veículo para declarar-se, comunicar afinidades e iniciar um feitio de orações.

O que você está esperando, vá ali na esquina, compre um belo papel e envelopes, e se devote.
Se tiver alguma rusga, peça perdão por escrito, pois perdão por escrito vale como documento de cartório.

Se o namoro ainda não tiver começado, largue a mão dessas cantadas baratas e internéticas e atire a garrafa aos mares. Uma boa carta de amor é irresistível. Mas não vale copiar aqueles modelos que vêm nos livros. Sele o envelope com a língua, como nas antigas, lamba os selos, esse pré-beijo dos lábios da futura amada.

De novo Pessoa, para encorajá-los mais ainda: "As cartas de amor, se há amor, têm de ser ridículas" (...)".

Xixo Sá encerra o texto dizendo: "Um amor sem uma troca de cartas, nem que seja bem rápida, ainda não é amor". Não vou dizer que adorei o texto, seria repetitivo demais. Eu adoro cartas. Sinto falta dos tempos de crianças quando eu trocava cartas e mais cartas com as minhas primas. Tempos bons. Hoje eu me dedico a escrever cartas sem rementente. Ontem mesmo eu escrevi uma. De próprio punho. Só não sei ainda se vou ter coragem de remetê-la ao destinatário. A achei definitiva demais. E ainda não sei se estou preparada para as consequências que o meu discurso escrito naquelas mal traçadas linhas pode acarretar. Mais isso eu deixo para pensar depois...

Sei que como esta, tenho várias outras, algumas imaginárias, outras que realmente saíram do papel e chegaram ao seu destino. Me passou agora pela lembrança que existem várias pessoas no mundo que tem cartas minhas guardadas. Eu tenho várias guardadas carinhosamente em algumas caixas que para mim são verdaderias relíquias que contam um pouco da minha história. De vez em quando eu me delicio lendo-as e me divirto muito. Todo mundo deveria fazer isso de vez em quando sabia? Faz bem para a alma.

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